Questionamentos

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Costumava freqüentar a igreja com a minha família desde pequena, igreja batista; igreja essa, que atualmente, não convivemos mais. Meu principal “pecado” foi o incessante questionamento sobre Igreja e os seus dogmas; como o dízimo obrigatório, como sobre a Bíblia é cheia de incoerências, e a falta se sentido que sempre vi na instituição que a Igreja representava. Sempre acreditei que podia criar minhas próprias crenças e conceitos sobre o mundo, definir meu próprio caráter, sem apoiar-me na doutrina de outros. Acredito, desde pequena, que posso sentir um Bem Maior sem a necessidade de um pastor pregando sobre o Deus Criador (chauvinista e punitivo do Velho Testamento, ou, arrependido e misericordioso, do Novo Testamento) do universo. Acredito, já há algum tempo, que, na Igreja, o pastor/pregador (líder) fala e induz, seu rebanho, através de sua própria interpretação sobre as Escrituras ou o que mais lhe convém para dominar uma grande massa desprivilegiada de esperanças e intelecto; então, não posso acreditar, ou colocar meus pensamentos credos, em uma experiência individual ou interpretação de uma pessoa… Pessoa essa que, querendo ou não, está induzindo uma grande para massa a caminhar em determinada direção, a direção em que ele crê ser a certa ou a mais conveniente.

 

Não posso crer em dogma nenhum a partir do momento que começo a questionar as principais fundações de sua doutrina; tais como, por exemplo, a ressurreição física de Jesus, no cristianismo. Não acredito ser certo colocar o destino do caráter, da moral e ética de milhares de pessoas nas mãos de uma minoria, que, na maioria das vezes, ou não entende sobre o que está falando, ou manipula a verdade para obter controle sobre seu rebanho ignorante.

 

Então, no que eu acredito hoje? Acredito que cada pessoa pode encontrar seu caminho espiritual sem a necessidade de uma Instituição. Não sou mais cristã protestante, não acredito cem por cento na veracidade da Bíblia, e, principalmente, não acredito mais nas fundações do cristianismo. Portanto, resta-me recriar todo o conceito de Deus, simbologia e metáforas bíblicas, céu e inferno, o que Jesus ensinou e se é válido para a minha vida, e se eu acredito que a humanidade pode encontrar o seu caminho sem uma doutrina formada. São tantas as coisas que passam pela minha cabeça quando escrevo, tanta informação e sentimentos, que acabo por me atropelar.

 

Cada um pode ter a sua própria verdade. Deus deu inteligência a todos nós para que cada um a use para ter suas próprias idéias, e não seguir a dos outros.

 

Doutrinas são castradoras e individuais, seguir uma doutrina significa abster-se de ter uma opinião e uma personalidade forte e diferenciada. Pessoas que não seguem doutrinas ou regras, são, geralmente, perseguidas por terem ido mais além do que a maioria, por conseguirem ter um pensamento independente, forte e grande. Pessoas assim são aquelas que se ouvem falar através dos séculos. Pessoas que agem assim deixam sua marca registrada na história, incentivando pessoas a buscarem seus próprios caminhos e se libertarem dessa escravidão que se chama religião.

 

Entretanto, ficam também os pensadores manipuladores, inteligentes e gananciosos, sedentos por poder e riqueza, que de uma maneira ou outra atrapalham o curso da evolução do homem com doutrinas religiosas repressoras. Pensadores como Paulo, que recriou os ensinamentos de Jesus quando percebeu que estava perdendo terreno entre os judeus da época; pensadores da Igreja católica inteira, que a cada século foram construindo uma organização político-religiosa tão astuta e sagaz que conseguiu controlar quase ¾ do mundo. Toda forma de organização que castra e controla, não importa de que maneira, proíbe a humanidade de ter experiências individuais e de amadurecer o espírito. São uns tiranos.